Olhos tristes, cabisbaixo, meio sem rumo, pobre coitado.
Era assim meio castanho-dourado, seus pelos já caindo, pernas lentas.
Já nem latia, era somente tristeza. Estava magro a olhos vistos.
Quem o abandonou? Nem se quer deu opção da adoção.
Poderia ter levado ao canil, mas não o fez, se desfez.
Quando pequeno era cheio de graça, fazia de um tudo para alegrar seu dono.
Corria quando o via chegar, fazia festa quando chegava da escola, passeavam Juntos.
Era pura alegria as brincadeiras. Hoje depois de tanto tempo, aquele menino se foi, agora é um adulto e nem liga mais. Deixou no canto como se fosse um brinquedo velho, já sem uso.
Hoje perambula pelas ruas, vive da esmola das pessoas, quem me dera pudesse eu tê-lo junto a mim.
Com certeza ele seria bem feliz. Levaria a passear, correr no jardim, fazer festa com um disco, “corre lá Caramelo, vai buscar, meu velho”.
Quem abandona um cão, abandona a criança que está dentro de si. Alegria de ter um cãozinho toda criança sabe, é puro divertimento, claro que também tem suas responsabilidades, mas nada paga o sorriso de ver o quanto é doce esse dueto.
Silvya Gallanni 23/03/2011