No ano anterior havia ganho um estojo com lindos lápis de cor. Gostou muito.
Contudo, na hora que saiu de casa para brincar com suas amiguinhas todas haviam ganhado bonecas, bicicletas e tantos outros presentes, que a menina ficou pensando que o Papai Noel tinha se enganado em seu presente de Natal.
Ela … não entendia como poderia ele ter se enganado tanto.
Havia sido uma boa menina. Estudou, passou de ano no colégio, procurou ser uma boa filha, ela não entendia do por quê
do Papai Noel ter sido tão esquecido.
Será que não leu a sua cartinha?
Tinha até posto um par de meias na janela!
Contudo, agora era outro ano e com certeza ele traria uma linda boneca para a menina. Sua mamãe havia ajudado a escrever a carta e colocado no correio.
Naquela noite deitou-se toda feliz, pois com certeza dessa vez ele acertaria em seu presente.
Porém, os sonhos nem sempre se realizam.
No outro dia, pela manhã, ela acordou muito ansiosa, mas esperançosa de que havia recebido a tão sonhada boneca.
Quando olhou para debaixo da pequena árvore em sua sala ficou ali parada olhando fixamente para uma pequena caixinha.
Será que era uma boneca pequenina?!
Não importa pensou a menina … que seja pequena, vou mostrar para todas as minhas amiguinhas
que Papai Noel dessa vez trouxe o presente certo.
Ao abrir a caixa seus olhos marejaram de lágrimas.
Afinal não havia nenhuma boneca ...
… Era um Livro.
Chorando muito e sentada no chão sua mãe veio logo dizendo …
já que ela havia aprendido a ler e a escrever seria melhor Ler Livros em vez de brincar de bonecas.
Olhando para o rosto da mãe nem respondeu.
Ficou ali sentada olhando o livro e as lágrimas
escorrendo em seu rostinho.
Seu pai apareceu na sala e lhe deu um beijinho, dizendo que para o ano ele mesmo compraria uma linda boneca.
Mas, a menina não entendia do por quê ter ganho um livro em vez da boneca. Abraçou seu pai e foi se sentar no sofá
para ler o seu livrinho ganho.
A história contava as peripécias de um tigre.
Chamava-se ‘O Tigre Que Veio Para o Chá da Tarde’ escrito pela autora Judith Kerr (n.1923-f.2019).
Leu e releu diversas vezes a história do tigre guloso.
Aquele Natal a marcou para sempre.
Não foi à rua ver os brinquedos das outras crianças.
Ficou o dia todo dentro de casa … entristecida.
Todavia, a menina pegou o gosto pela leitura, sua mãe percebendo comprava diversos livros infantis, gibís dos desenhos em quadrinhos, e … ela também ganhou gosto de fazer palavras cruzadas.
Logicamente que ao passar dos anos percebeu que papai noel não era aquilo tudo que ela imaginara.
Não havia mais os duendes, as fadas, mas gostava de imaginar em muitas ocasiões que um dia seria visitada pelo bom velhinho do papai noel em seu trenó voando no céu, com suas renas chefiadas por Fogoso ou Corredor … seguido por Rudolfo a nona rena do nariz vermelho iluminando o caminho dos céus em dias nublados, e realizando todos os desejos pedidos.
Hoje (a menina Silvya que ainda sou … é o que me diz o meu João) … sabe que nem tudo é da maneira que queremos, mas podemos sim sonhar e imaginar dias melhores.
Apesar do sofrimento daqueles tempos difíceis que passaram, estes têm um lugar especial em seu coração,
pois aprendeu a escrever e a ler o saber das coisas.
Agradece a seus pais por incentivá-la na leitura, que nos abrem janelas imensas para mundos diferentes. Conhecimento nunca é demais. As marcas do passado de menina-criança sem mais lágrimas ficam, mas o aprendizado é fantástico e eterno.
Nos amadurece.
E … ‘O Tigre …’ foi meu primeiro livro! Obrigado, mamãe Hermê … e, vó ‘nonna’ Judith Kerr ‘großmutter’! ● Silvya Gallanni© 25/12/2024
REFERÊNCIAS
Judith Kerr
https://es.wikipedia.org/wiki/Judith_Kerr
LEITURINHAS
https://leiturinha.com.br/blog/o-tigre-que-veio-para-o-
cha-da-tarde-um-livro-sobre-imaginacao/
LITERATURA INGLESA
https://literaturainglesa.com.br/obituario-judith-kerr-
autora-de-literatura-infantil-1923-2019/
RENAS DO PAPAI NOEL
https://porquesim-blogdasladys.blogs.sapo.pt/lenda-
A imagem Esta Fotografia de Autor Desconhecido está
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CONTO Flashback de Natal 1968 / Brasil - São Paulo:
«Tempos da Minha Infância» Conto por Silvya Gallanni em 2024 - pp. 5 a 11.
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